segunda-feira, 2 de abril de 2007

03 - PROJECTO

O projecto é uma reconstrução de um edifício em ruínas. O terreno encontra-se em reserva ecológica o que torna esta a única intervenção possível. Todavia, propusemos uma reconstrução utilizando os mesmos materiais do edifício existente (pedra, terra e madeira) mas re-ordenados. Prevê-se assim uma estrutura porticada em madeira preenchida com terra local (Tabique ou Wattle and Daub). A pedra resultante das demolições é usada nas fundações e na definição da plataforma exterior onde o edifício assenta.
A implantação e o número de pisos não são alterados.
No interior, a Norte, localiza-se um único compartimento onde se concentram as principais infra-estruturas técnicas.
Como é nosso predicado, na restante definição do projecto, tentamos associar materiais naturais (madeira, terra e cortiça) com materiais industriais (betão, metal, vidro e policarbonato) na procura de um resultado simbiótico e criativo.

4 comentários:

Anónimo disse...

Perdoa-me mas só agora presto atenção ao que está aqui dito... «O terreno encontra-se em reserva ecológica o que torna esta a única intervenção possível." Hm, acho que o desafio é mesmo «exciting», não?... ;)

Quico (Francisco Freire) disse...

Olá Raquel e obrigado pelos teus comentários!
Não sei se percebi bem o que queres dizer com ‘exciting’? Se é excitante o desafio de intervir em área de reserva ecológica... sim, acho que sim. Respeitar os bichinhos e as plantinhas do campo é bonito e fica bem, mas há que perceber que isto das áreas protegidas é uma normativa, sem dúvida importante, mas, ao mesmo tempo, carregada de fragilidades. Por exemplo, no que diz respeito aos limites físicos: se esta casa estivesse localizada 10 metros mais a oeste não estaria localizada em reserva ecológica e seria possível licenciar 300 m² de construção em 3 pisos! Outro exemplo: se levarmos à letra as regras que definem o que é possível construir num local de reserva ecológica estamos subjugados a re-implementar o que outrora existiu, sem tirar nem pôr. Ou seja, neste caso, o nosso cliente estaria condenado a cozinhar a lenha, dormir em condições insalubres, ter um galinheiro à frente da porta e fazer chi chi no casinhoto lá do fundo... o que acharias Pedro?

Anónimo disse...

Pois..., «Montesinho» é bom mas não é para todos os dias... :P Ainda bem que o meu comentário suscitou estas tuas notas. ;)

RPL disse...

Eu sempre fiz finca pé em ter um mictório na casa de banho mas fui vetado pelos arquitectos! Por isso, vou ter que ir de qualquer modo ao casinhoto!

Fora de brincadeira, a lei da REN é frustrante. Eu tenho recuperado carvalhos no terreno, florestado naturalmente o que antes era só silvas mas estou limitado ao que já lá está em termos de construção. A flexibilidade, mesmo que seja a favor do ambiente, é nula:

a) não posso mudar a implantação da casa para conseguir salvar carvalhos que cresceram nas ruínas;

b) não posso mudar o uso oficial da casa de arrecadação para habitação porque está em REN. O projecto seria exactamente o mesmo mas a lei não deixa.

O grande problema disto tudo é que se a casa for declarada de interesse público (sei lá, se fosse um casino) tudo isto é ignorado. E se eu me borrifar para tudo e todos e construir na mesma apenas terei que pagar uma multa.

As leis em Portugal querem substituir-se aos tribunais e simplesmente proíbem tudo e não permitem uma avaliação séria e isenta de projectos. Incentivando a corrupção e a violação cega e impune da lei.

Ao cidadão comum e honesto resta tentar navegar em terrenos movediços.

Sou a favor da lei da REN, mas com paineis flexiveis de avaliação de projectos e a sua adequação ao terreno e a capacidade de desafiar a tempo útil a aprovação ou chumbo de projectos em tribunal pelo próprio, vizinhos, grupos de interesse, etc. Não o proibicionismo para uns, facilidades para outros e incentivo a quebrar as leis para todos em que vivemos agora.

Pedro