sexta-feira, 18 de maio de 2007

15 – BETONAGEM

O mundo da bombagem de betão é um universo paralelo. Quem o vive por dentro entra numa espécie de paranóia colectiva regida por um factor primordial: o limitado tempo disponível que vai da fabricação do betão até à betonagem.
Abrem-se as Centrais (fábricas que misturam o cimento, os inertes e a água) quando há encomendas suficientes programadas - normalmente abrem todos os dias já que, apesar da crise, o betão tem um pouquito de procura - .
Os camiões-betoneiras enchem-se com o composto e desatam numa correria até aos locais das descargas. Fazem lembrar vespas com aquele tambor cilíndrico a rodar cheio com 5,5 m³ de betão num zum zum frenético!
À sua frente seguem as bombas, que são camiões equipados com guindaste que propulsam o betão! Estes parecem aranhiços com patas laterais que equilibram um braço cuspidor que se estende até aos 40 metros nalguns modelos.
Os homens que operam estes mecanismos parecem feitos da mesma chapa dos veículos que conduzem e comunicam num nível de decibéis equivalente à barulheira palrada pelas suas máquinas. Um cenário dantesco de hidráulica pesada, gasólio, suor, betão fuido, gritos e gestos contundentes!

Os empreiteiros Faria encomendaram, na véspera, 11 m³ à Cimpor e estes responderam durante a manhã: - Hoje à tarde é capaz de dar… preparem-se!
Foi o click, entraram em paranóia colectiva. Ai que eles vêm aí e os esgotos ainda não estão terminados! Stress transbordante até ter tudo pronto!
Pelas 16h00 estavam aliviados por estarem preparados mas preocupados com o não aparecer da bomba. Esta e os dois camiões chegaram três horas depois e, entre as 19h00 e as 20h00, o betão voou para os locais de destino numa explosão de frenesim!
E como a cura do betão não espera, lá ficaram os Farias de volta do ajeitar da ‘massa’ até às 22h00, já à luz de gambiarra… um mundo violento!

2 comentários:

Jota disse...

UAU! a isto é que se chama mesmo bombar. Uma demência de vespas, aranhiços e homens de chapa que trabalham num ritmo alucinante e lá invadem a nossa Terra com esqueletos de betão qual praga de cogumelos (ou lojas dos chineses).
Se se trabalhasse assim com outras coisas...

paulu disse...

Nunca imaginaria que o betão pudesse dar em tanta animação! Se o pessoal do jet-7 sabe disso ainda contrata a Cimpor para abrilhantar as suas festas em Cascais!

Parabéns a todos pela obra, e felicidades!